segunda-feira, 28 de junho de 2010

Charles Brenson´s Ale - 9a Leva





Olá! Mais uma leva de Charles Brenson foi produzida, uma tradicional Ale, e mais uma leva que logo se acabará. Chegamos a óbvia conclusão que 20 litros por produção não são mais suficientes, pois quando a leva está ficando boa, já foi praticamente completamente consumida! Por este motivo, estou investindo em mais umas panelas cervejeiras, e melhorando a minha técnica de produção para passar a produzir o dobro da capacidade de hoje, ou seja 40 litros por vez!!!

Neste post falarei um pouco sobre os equipamentos que estou adquirindo e o modo que produzirei minhas cervejas a partir daqui. O grain bag, que muito me auxiliou ficará para o passado. É uma ótima e simples técnica que deu certo muitas vezes, mas como o conhecimento vai aumentando e as técnicas vão começando a aparecer, resolvi sofisticar meu equipamento para aumentar a produção com maior controle da qualidade.

Para os que estão começando, recomendo muito a técnica do grain bag com voal, se tiver interesse é só ler os meus posts mais antigos que foram levas feitas desta maneira. É para mim o método mais simples e barato de se produzir cerveja, onde com apenas uma panela cervejeira e um voal costurado em forma de sacola pode-se fazer a brassagem e a fervura na mesma panela sem necessidade de filtragem e recirculação.

Sobre esta nona leva, a última em equipamento de 20 litros, fiz a brassagem exatamente do mesmo modo da ultima leva. Os ingredientes foram:

- 4kg de malte pilsner
- 1kg de malte munich, 
-  lúpulos magnum (15g) e amarillo (15g)
- fermento Nottingham 

Esta receita foi para mim a base para aprender o processo cervejeiro, e por isso a repeti por várias vezes, para aprender e aprimorar minhas produções, tentando obter uma cerveja pale ale semelhante todas as vezes. Resolvi utilizar o fermento Nottingham mais uma vez, por insistência pois a melhor leva até hoje foi feita com ele. O problema porém é que quase perdi uma leva com este mesmo fermento e esta vez a fermentação demorou pra iniciar, mas ocorreu tudo bem (até agora).  

Brassagem.

Fiz a brassagem da seguinte maneira: 15 minutos a 50°C para proteínas (espuma), depois resolvi brassar direto por 60 minutos a 65°C, com "mash out" a 76°C por 10 minutos. Só lembrando, as enzimas presentes no malte possuem diferentes temperaturas para sua ação, ou seja a 50°C a protease atua sobre as proteínas e a temperaturas mais altas entre 63 e 67°C as amilases (alfa e beta) entram em ação fazendo a sacarificação dos acúcares, que ficam prontos para serem fermentados. A 76°C estas enzimas são inativadas, o que chamamos de "mash out". 

Após a brassagem, fiz a filtragem do mosto e a recirculação com meu cooler "igloo" novamente, sei que não é o processo ideal pois o plástico libera substâncias "do mal", porém esta foi a segunda e última vez que realizei desta maneira. Abaixo fotos do improviso que realizamos aqui em casa, para fazer a filtragem e recirculação do mosto. 

Escada improvisada: agua aquecida para sparge / cooler filtro.

Detalhe do fundo falso improvisado + grain bag.

Filtragem pós recirculação do mosto, que ficou mais límpido.


Sparge ou lavagem do malte com agua aquecida
para se aproveitar ao máximo os açúcares obtidos.  

Após feita a filtragem toda, o mosto foi para a fervura, já no caldeirão novo de 65 litros!!!

Fervuris!

Fogo intenso!

Foram 70 minutos de fervura, onde adicionamos lúpulos de amargor, aroma e o whirfloc, uma pastilha que auxilia na decantação das impurezas para formar o TRUB. Sifonamos para o fermentador, aeramos medievalmente agitando o mosto e inoculamos o fermento seco diretamente ao mosto. 

Nos primeiros dias após a produção, situação tensa! O fermento demorou para iniciar a atividade, e o airlock só comecou a borbulhar dois dias depois, com um krausen (fermento em cima do mosto) meio tímido, mas lá pelo quarto dia de fermentação estava a mil por hora. 


Formação do krausen e fermentação ativa!!

Deixamos a fermentação primária por 6 dias e resolvemos passar todo este mosto para um galão para fermentação secundária, para separar todas as impurezas já decantadas e deixar o processo de fermentação agir por mais alguns dias. A cerveja tornou-se muito mais límpida e aproveitamos para medir a densidade da amostra que estava em 1.014, um poco acima do esperado. A nossa densidade inicial (OG)  foi de 1.046. Após a fermentação secundária, a FG foi de 1.009, o que eu realmente esperava. 

Transferencia para fermentador secundário.
No final a leva ficará com 18 a 19 litros. 

Estamos agora no aguardo para embarrilar esta cerveja e carbonatar em nosso cornelius keg, uma das melhores aquisições feitas para a cerveja Charles Brenson. O sistema post mix deixa tudo mais fácil, não precisa lavar milhares de garrafas, somente uma vez o barril e está tudo ok! A última leva, uma Irish Red Ale, que por sinal ficou extremamente boa, foi embarrilada e todos gostaram de tomar uma Charles Brenson direto do barril!

Charles Brenson´s Irish Red - Direto do Cornelius Keg!

Para quem leu o último post, da Irish Red, diria que foi uma das melhores levas até hoje produzidas, com uma cerveja que ficou excelente. A coloração ficou perfeita, fizemos uma degustação da Murphy´s Irish Red e elas estavam idênticas! Porém a Charles Brenson ganhou no quesito corpo e amargor, e de preferencia dos meus amigos o placar ficou 6 a 1 para a Charles Brenson!!!

Provando que 20 minutos de "protein stop" 
realmente realça a qualidade da espuma!!
Charles Brenson Irish Red 
Coloração avermelhada! 

Bom, por enquanto é só! Em breve mais levas serão postadas neste blog!
Para quem tem interesse em aprender o homebrewing, é só conversar comigo! Envie uma mensagem aqui no blog, que eu ensino com a maior vontade quem tiver interesse!!

Um grande abraço a todos

Bruno


ATUALIZAÇÃO 11/07/2010


Espanha campeã!!!

Após um churrasquito aqui em casa para ver o final da copa do mundo com meus amigos, esta leva de Charles Brenson Bier foi embora! O barril roncou, 20 litrinhos consumidos! Precisamos de um backup de heineken hoje! hehehehe

Achei que esta leva tinha ficado com problemas, pois quando resolvi experimentar a mesma, tirei um copo de chopp e estava extremamente amargo, adstringente, e pensei que fosse devido a off flavors, taninos por culpa da fermentação. Não realizei que o lúpulo tinha decantado e aquele copo que experimentamos estava com toda a "sujeira" decantada no fundo do keg..

Felizmente os resto da leva estava em perfeita qualidade, e caiu muito bem com a final da copa do mundo!

Agora precisamos produzir mais uma leva, pois estamos sem Charles Brenson no estoque. A próxima leva será de 40 litros! Aí sim vai dar pra fazer um belo churrasquinho!

Um abraco a todos

Bruno